Origem histórica de Tranca-Ruas
Um dos primeiros registros históricos para “Tranca-Ruas” é no “Vocabulário Portuguez e latino” de Bluteau (1728) sendo registrado como “TRANCARRUAS”, significando Homem vadio […]. Conforme explicado por Dr. Rafael Galante, ao longo do século XVIII, no contexto colonial luso-brasileiro, essa expressão passou a designar capoeiristas africanos e afro-brasileiros. Sendo estes considerados os donos das ruas brasileiras dando novo significado para uma palavra anteriormente considerada perjorativa. Também Dr. Rafael fala sobre os “galos da meia noite”, que foram mestres sineiros capoeiras, muitos deles centro-africanos e seus descendentes afro-brasileiros oitocentistas. Esses “galos” foram ancestralizados como exus e denominados “tranca-ruas” na macumba carioca, iniciando a popularização do nome dessa entidade.
Tranca-Ruas na Quimbanda
A presença desse Exú na Quimbanda popularizou-se no último século, sendo até hoje um nome respeitado e amado por todos que o conhecem. Dentro do culto de Quimbanda é visto como um guardião, responsável por abrir e fechar caminhos, protege seus devotos e dificulta a passagem do mal. Sua energia é forte e protetora, sendo reverenciado por muitos como um guia espiritual poderoso e possui muito carinho de seus devotos, normalmente escolhendo médiuns que possuem uma missão espiritual “maior”.
Assim, a origem do nome dessa entidade possui uma história complexa e multifacetada, que reflete as diferentes camadas da cultura afro-brasileira. Desde suas origens como um termo pejorativo aos escravizados, até sua associação com entidades espirituais e divindades protetoras, “tranca-ruas” é um exemplo da riqueza e da profundidade das tradições afro-brasileiras.
Fontes:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-23052023-132320/publico/2022_RafaelBenvindoFigueiredoGalante_VCorrig.pdf